quinta-feira, 26 de novembro de 2015

"Limite" encabeça lista dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos


A cada dez anos, a revista britânica “Sight & Sound”, em parceria com o British Film Institute (BFI), reúne opiniões de críticos e cineastas de todo o mundo para compor um ranking dos melhores filmes de todos os tempos. Tentativas semelhantes de estabelecer uma eleição dos melhores nacionais já foram feitas por aqui no Brasil, mas nada muito abrangente ou sistematizado. Pois agora, a Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema, resolveu fazer sua própria lista. E que lista!

Cada um de seus 100 membros (inclusive este crítico que vos escreve) escolheu seus 25 filmes nacionais preferidos. Os 100 com melhor pontuação (na verdade, os 101, porque houve um empate) entraram no ranking, que será impresso em um livro a ser publicado pela editora Letramento em 2016. Além do Top 101, a publicação trará um texto analítico sobre cada um deles (e, provavelmente, as listas individuais de cada membro da entidade).

A lista é inegavelmente boa – e, no geral, justa. Entre longas, médias, curtas, coproduções, ficções e documentários, o melhor de todos foi um filme mudo, dos anos 30: “Limite” (1931), obra-prima de Mario Peixoto. Como questionar?

"Limite": o melhor de todos

Há ainda uma infinidade de Glaubers, Nelsons, Babencos e Reichenbachs. As maiores injustiças? Não tem, por exemplo, nenhum David Neves. E só um Walter Hugo Khouri. Claro, a meu ver, há algumas aberrações, como as inclusões do modorrento “Abril Despedaçado” (57º) e os estridentes “Tropa de Elite” (30º) e “Tropa de Elite 2” (35º). E há filmes do cinema marginal bem melhores que alguns dos escolhidos.

A minha lista pessoal eu publico por aqui uma outra hora (mas meu top 10 já está neste site, em http://tinyurl.com/p9sgtug). Ao elaborá-la, me senti péssimo por ter que deixar de fora algumas maravilhas tupiniquins, como “Macunaíma”, “Filme Demência”, “A Lira do Delírio” e “Iracema, uma Transa Amazônica”; felizmente para mim, porém, meus colegas não cometeram o mesmo deslize.

Confira aqui o listão da Abraccine:

1.        Limite (1931), de Mario Peixoto 
2.        Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de G. Rocha 
3.        Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos 
4.        Cabra Marcado para Morrer (1984), de E. Coutinho 
5.        Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha 
6.        O Bandido da Luz Vermelha (1968), de R. Sganzerla 
7.        São Paulo S/A (1965), de Luís Sérgio Person 
8.        Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles 
9.        O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte 
10.      Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade 
11.      Central do Brasil (1998), de Walter Salles 
12.      Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de H. Babenco 
13.      Ilha das Flores (1989), de Jorge Furtado 
14.      Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman 
15.     O Som ao Redor (2012), de Kleber Mendonça Filho 
16.     Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho 
17.     Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho 
18.     Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues 
19.     Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias 
20.     São Bernardo (1974), de Leon Hirszman 
21.     Iracema, uma Transa Amazônica (1975), de Jorge Bodansky e Orlando Senna 
22.     Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri 
23.     Os Fuzis (1964), de Ruy Guerra 
24.     Ganga Bruta (1933), de Humberto Mauro 
25.     Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci 
26.     A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1968), de R. Santos 
27.     Rio, 40 Graus (1955), de Nelson Pereira dos Santos 
28.     Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho 
29.     Memórias do Cárcere (1984), de N.P. dos Santos 
30.     Tropa de Elite (2007), de José Padilha 
31.     O Padre e a Moça (1965), de J.P. de Andrade 
32.     Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci  
33.     Santiago (2007), de João Moreira Salles 
34.     O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969), de Glauber Rocha 
35.     Tropa de Elite 2 (2010), de José Padilha 
36.     O Invasor (2002), de Beto Brant  
37.     Todas as Mulheres do Mundo (1967), de D. Oliveira 
38.     Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Julio Bressane 
39.     Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de B. Barreto 
40.     Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra 
41.     O Homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga 
42.     A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral 
43.     Sem Essa Aranha (1970), de Rogério Sganzerla 
44.     SuperOutro (1989), de Edgard Navarro 
45.     Filme Demência (1986), de Carlos Reichenbach 
46.     À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), de José Mojica Marins 
47.     Terra Estrangeira (1996), de Walter Salles e Daniela Thomas 
48.     A Mulher de Todos (1969), de Rogério Sganzerla 
49.     Rio, Zona Norte (1957), de Nelson Pereira dos Santos 
50.     Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach 
51.     A Margem (1967), de Ozualdo Candeias 
52.     Toda Nudez Será Castigada (1973), de Arnaldo Jabor 
53.     Madame Satã (2000), de Karim Ainouz 
54.     A Falecida (1965), de Leon Hirzman 
55.     O Despertar da Besta (1969), de J. Mojica Marins  
56.     Tudo Bem (1978), de Arnaldo Jabor (1978) 
57.     A Idade da Terra (1980), de Glauber Rocha 
58.     Abril Despedaçado (2001), de Walter Salles 
59.     O Grande Momento (1958), de Roberto Santos 
60.     O Lobo Atrás da Porta (2014), de Fernando Coimbra 
61.     O Beijo da Mulher-Aranha (1985), de Hector Babenco 
62.     O Homem que Virou Suco (1980), de J.B. de Andrade 
63.     O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes 
64.     O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto 
65.     A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Junior 
66.     O Caso dos Irmãos Naves (1967), de L.S. Person 
67.     Ônibus 174 (2002), de José Padilha 
68.     O Anjo Nasceu (1969), de Julio Bressane 
69.     Meu Nome é... Tonho (1969), de Ozualdo Candeias 
70.     O Céu de Suely (2006), de Karim Ainouz  
71.     Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert 
72.     Bicho de Sete Cabeças (2001), de Laís Bondanzky 
73.     Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda 
74.     Estômago (2010), de Marcos Jorge 
75.     Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes 
76.     Baile Perfumado (1997), de P. Caldas e L. Ferreira 
77.     Pra Frente, Brasil (1982), de Roberto Farias 
78.     Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia (1976), de H. Babenco 
79.     O Viajante (1999), de Paulo Cezar Saraceni  
80.     Anjos do Arrabalde (1987), de Carlos Reichenbach 
81.     Mar de Rosas (1977), de Ana Carolina  
82.     O País de São Saruê (1971), de Vladimir Carvalho 
83.     A Marvada Carne (1985), de André Klotzel 
84.     Sargento Getúlio (1983), de Hermano Penna 
85.     Inocência (1983), de Walter Lima Jr. 
86.     Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis 
87.     Os Saltimbancos Trapalhões (1981), de J.B. Tanko 
88.     Di (1977), de Glauber Rocha 
89.     Os Inconfidentes (1972), de J.P. de Andrade 
90.     Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1966), de José Mojica Marins 
91.     Cabaret Mineiro (1980), de C.A. Prates Correia 
92.     Chuvas de Verão (1977), de Carlos Diegues 
93.     Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach 
94.     Aruanda (1960), de Linduarte Noronha  
95.     Carandiru (2003), de Hector Babenco 
96.     Blá Blá Blá (1968), de Andrea Tonacci 
97.     O Signo do Caos (2003), de Rogério Sganzerla 
98.     O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), de Cao Hamburger  
99.     Meteorango Kid, Herói Intergalactico (1969), de Andre Luis Oliveira 
100.  Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade (*) 
101.  Bar Esperança, o Último que Fecha (1983), de Hugo Carvana (*)   
(*) Empatados na última colocação, com o mesmo número de pontos.

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